25
dez
2015

Saindo da zona de conforto: Um conto natalino

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2 Comentários
Vou contar uma história pra vocês, bem verdadeira, aconteceu dia 19 comigo.
Vocês que me conhecem na vida real ou no Twitter sabem que eu não sou a pessoa mais festiva do mundo, então, a idéia de ir pra uma festa em outra cidade num horário completamente abusivo parecia praticamente alienígena pra mim.
Mesmo assim, lá estava eu, saindo de casa as 9 da noite pra uma festa que começava as 11 e ficava a uns 70 km da minha casa.
Eu sou uma daquelas pessoas que gostam de ter mais de um plano para caso as coisas saiam erradas, então eu saí com duas horas de antecedência por que como eu moro na praia, o trânsito até chegar na BR era absolutamente infernal.

A festa ficava num lugar longe para caraleo, não só pela distância da minha casa mas pelos bons 30km de distância de qualquer tipo de civilização: Eu sabia só que pra chegar lá eu ia precisar pegar uma estrada de terra, e eu já previa que eu ia acabar não encontrando o lugar, por isso, combinei de ir seguindo um amigo meu que disse que sabia como chegar lá.
Também combinei de pegar duas pessoas pra irem junto na festa, em um posto de gasolina dentro de uma entrada da cidade que ficava no meio do caminho.

Meu amigo se atrasou, e pra eu não me atrasar pro segundo compromisso, combinei com ele da gente se encontrar nesse mesmo posto de gasolina.
Fiquei uma hora esperando lá até todo mundo chegar.
Fiquei também intimamente conhecido da cafeteira do setor de conveniência do posto.

Lá pela hora que eu já estava tendo tremores devido a cafeína, meu amigo chegou. As lâmpadas do carro dele tinham parado de funcionar.
20 minutos de diagnósticos depois, conseguimos por algum milagre fazer o carro funcionar.

Ele arrancou na frente e eu perdi ele de vista no meio da BR.

Tá massa, o jogo só termina quando o juiz apita, né não?
Segui pela BR escura com meu bravo amigo Google Maps como guia fiel e infalível.
Só que nem tão infalível:
No meio do caminho, eu ouvi aquela frase que ninguém gosta de ouvir quando está no meio da BR-101 a meia noite, sem saber como chegar onde quer chegar e nem onde voltar para casa:
Sinal de GPS perdido.
Naquele momento, eu senti um pânico generalizado dentro da minha alma que eu só enfrentei outras duas vezes na vida: No dia em que eu fui assaltado, e no dia que a minha casa foi alagada (Ambos a mais de 5 anos, então eu nem sei dizer se a intensidade foi a mesma).
Mas eu me mantive firme, já que tinha mais gente no carro e eu era o único que sabia dirigir. Ou podia dirigir, já que os outros eram menores de idade mesmo.

Eu acabei dando duas voltas de mais de 15 km pela MESMA estrada de terra, pedi informações num bar de beira de estrada pra um cara que eu poderia jurar que ia quebrar todas as falanges da minha mão quando me cumprimentou, me perdi, quase caí num rio não sinalizado, bati com o carro em um quebra-molas que ficava numa curva (E que também não era sinalizado. Alô, alô, governo?), a música da festa era ruim e a cerveja, quente.

E foi a melhor festa que eu já fui na minha vida.


Entendam, eu sou uma pessoa medrosa: Pra mim, a idéia de sair de casa as 9 da noite pra ir num bar conhecido ali em Joinville já é rídicula, e olha que eu adoro o Texas.
Ir ali na farmácia depois das 10 já vem carregado de diversos "puta que pariu".

Ir numa formatura que eu sabia que eu não ia gostar da música e que era longe pra caralho? Meh.
Daí eu resolvi que ia tacar um foda-se. Eu podia ir e odiar o negócio e daí eu ia confiar no meu Grinch interior, ou eu podia ir e ser legal pra cacete e aí eu teria aprendido minha lição sobre fazer coisas que eu não queria.

Zona de Conforto, o que é?

A Zona de Conforto é um termo usado pra definir as coisas que você sabe fazer, que você pode prever o resultado e que você pode fazer com uma certa segurança.
Por exemplo, fazer o jantar tá dentro da sua zona de conforto: Você faz todo dia, e sabe que o máximo que pode dar errado é você queimar o miojo e ter que comer uma torrada com café.
Fazer um jantar pra agradar a sua namorada, ou pior, os pais da sua namorada, tá empurrando a sua zona de conforto: Se você cozinha com frequência, é beleza, mas ainda assim você tem a pressão de ter que impressionar o sogrão, não queimar a receita premiada da sogra e ganhar uns pontinhos com a mulher.

Lavar a louça, beleza.
Lavar as porcelanas de família da sua avó?
Mano, eu nem TOCARIA nas porcelanas da minha avó. Cê é louco.

Resumão: Fazer coisas na sua Zona de Conforto é calmo, tranquilo, não estressa.
A zona de conforto é tipo uma casa com chuva lá fora e uma canequinha de chocolate quente com marshmellows.

A vida é aquilo que acontece lá fora dela.

Como escapar da Zona de Conforto?


Não vou falar pra você que é fácil: A ansiedade tende a aumentar nossa reação a estímulos negativos, então quanto mais nervoso você ficar, menor é a probabilidade de você achar que vai dar certo,
Então o segredo é você sair da Zona de Conforto aos poucos, empurrando as fronteiras dela de maneira delicada.
Se você tentar fazer uma mudança muito brusca, você vai passar da sua Zona de Conforto e cair na Zona do Pânico, que é quando você atinge aquele estado de fugir ou correr, e aí nesse ponto não dá pra fazer mais nenhum progresso.
Então o segredo é empurrar aos poucos.
Baby steps e tudo mais.

Mas e pra que tudo isso? Prefiro ficar jogando Fallout 4 aqui em casa.

Crescer a sua Zona de Conforto faz muito bem pra sua saúde:
A sensação de ansiedade, quando misturada com a de sucesso, que é o que você sente quando realiza um desses pequenos desafios, dá um grande boost na sua moral: Como você pode ver desafio em chamar aquela garota para sair se você derrotou uma caminhada de 10 km? Se você escalou uma montanha?

A sua zona de conforto ser maior permite que você se divirta mais na sua vida. Quando você faz ela crescer, você acaba descobrindo novas coisas na vida que você gosta, e que antes você não gostava ou não conhecia devido a ansiedade de sair da zona de conforto.

Não existe nenhuma desvantagem em aumentar a sua zona de conforto, a menos que as únicas coisas com as quais você esteja desconfortável hoje em dia sejam mergulhar em um vulcão ou nadar com tubarões sem proteção.
Mas se for isso que você quer, vá em frente.
A vida tá acontecendo ali fora. Largue o chocolate quente e pegue um guarda-chuva.


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2 comentários:

  1. É uma pena um blog tão bom não ter tantos comentários como merece!! Excelente texto!! Você usou esse caso da festa para exemplificar, mas isso se aplica a várias áreas da vida, principalmente no empreendedorismo! Tenho como exemplo minha decisão de abrir minha própria empresa. Realmente era gostoso ter o salário garantido todo mês, segurança, pouca pressão...mas hoje vejo que foi a melhor decisão que tomei na vida! Mesmo com as "perdas do sinal do GPS" no meio do caminho!

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