18
jan
2016
Homens e Motores, uma história de amor
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Quando eu tinha 8 anos de idade, eu achava todo o negócio de "carros" uma coisa chata pra cacete.
Até os 16 anos de idade eu trocaria um carro por um notebook novo sem pensar duas vezes.
Afinal, que diferença faz um carro? A outra opção seria rodar Skyrim em High Resolution.
Na época, minha decisão parecia plenamente lógica: Eu nunca saía de casa mesmo, passava o dia inteiro na frente do computador jogando, os únicos lugares que eu iria eram a faculdade e a casa da minha namorada mesmo, e pra isso dava pra pegar busão.
E eu ainda podia ir ouvindo uma musiquinha e lendo um livro bala.
Fast-forward pra quatro anos depois:
Já troquei de veículo 3 vezes desde os meus 17 anos (Quando ganhei um Gol do meu pai). O computador continua igual o que eu tinha quando tinha 16, e ainda não roda Skyrim em High Res.
O fato é que alguma coisa nos motores faz com que nossos corações batam mais forte.
Uma mulher pode amar o seu carro, mas são raras as mulheres que ficariam admirando a beleza poética do ronco de um V8. (Inclusive, se você achar uma assim, é uma boa você tentar casar com ela. Sério).
Já o inverso é verdadeiro: São poucos os homens, héteros, gays, ativos, passivos, que não sentem o coração flutuar ao ouvir o lendário "Vê-oitão boca de cachorro".
Não que tenha algo errado com quem não gosta ou é indiferente, mas esse texto aqui é justamente pra quem sente o coração bater junto da árvore de comando.
Minha paixão com veículos começou pequena, admito: Eu nunca fui fã de carros, mas já motos...
Minha primeira foi uma Intruder, 125cc.
Como todo dono de Intruder, meu sonho era uma Shadow, que eu não peguei por falta de grana e por falta de habilidade. Confia em mim, Ninguém deve pegar uma moto de 600cc pra começar a andar a menos que o objetivo final seja suicídio. Um suicídio maneiro pra caralho, mas suicidio mesmo assim.
Logo, como todo dono de Intruder, não consegui segurar muito tempo a vontade de modificar ela.
Em menos de um ano, resolvi fazer (com a ajuda do meu pai, um cara que se eu tiver 50% da habilidade em arrumar coisas mecânicas com um pedaço de arame e um rolo de fita adesiva eu posso me chamar de MacGyver) um banco solo, comprar alforges, comando avançado, arrumar o guidão. Até consegui uma águia maneirassa pra colocar no paralama dianteiro.
Aquela moto era meu xodó e a minha paixão, e eu nem me importava que ela tinha tanto ferro no chassi que o motor de 125 cilindradas dela não conseguia passar de 90 km/h.
Aí eu terminei um relacionamento de dois anos de uma forma nem um pouco agradável.
Tristeza, dor interminável, etc. Você já passou por isso.
Aí um dia eu desmontei toda minha moto, sem motivo nenhum.
Pedaço por pedaço, cada uma das modificações que eu demorei meses pra fazer e encaixar sob medida com uma esmerilhadeira e uma solda de eletrodo do meu pai, foi separada, desmontada, repintada, limpada, engraxada e equipada com parafusos novos e porcas de segurança. Discos, pastilhas, lonas de freios, limpas e trocadas. Óleo trocado num cavalete na minha garagem, filtros de ar e de óleo novos, fluído de freio. Até a elétrica que ficava escondida sob um painel de ferro (antes da modificação, ficava sob o banco) eu limpei, fio por fio.
Foi o final de semana mais longo que eu já tive. Eu perdi a conta de quanta pele nos dedos eu perdi, quantos palavrões eu soltei e quantas latas de cerveja eu bebi.
E depois desse final de semana onde eu não conseguia mais nem entender a diferença entre meus dedos, a poeira e a graxa sem precisar de quase um litro de querosene, toda a tristeza e a dor interminável tinham passado.
Carros e motos tem esse poder. Você pode subir em cima de um veículo e aí nada mais faz diferença além de você, a máquina e a estrada.
Ao reparar um carro, você repara a sua alma. Ao ligar um motor que você acabou de arrumar e ouvir o carro roncando, é uma pequena vitória palpável. Ao ver aquele cromado arranhado brilhando como novo é como ouvir os anjos da mecânica cantando louvores. Esse é um dos motivos pelos quais eu acho que nós amamos carros; Satisfação imediata.
Até os 16 anos de idade eu trocaria um carro por um notebook novo sem pensar duas vezes.
Afinal, que diferença faz um carro? A outra opção seria rodar Skyrim em High Resolution.
Na época, minha decisão parecia plenamente lógica: Eu nunca saía de casa mesmo, passava o dia inteiro na frente do computador jogando, os únicos lugares que eu iria eram a faculdade e a casa da minha namorada mesmo, e pra isso dava pra pegar busão.
E eu ainda podia ir ouvindo uma musiquinha e lendo um livro bala.
Fast-forward pra quatro anos depois:
Já troquei de veículo 3 vezes desde os meus 17 anos (Quando ganhei um Gol do meu pai). O computador continua igual o que eu tinha quando tinha 16, e ainda não roda Skyrim em High Res.
O fato é que alguma coisa nos motores faz com que nossos corações batam mais forte.
Uma mulher pode amar o seu carro, mas são raras as mulheres que ficariam admirando a beleza poética do ronco de um V8. (Inclusive, se você achar uma assim, é uma boa você tentar casar com ela. Sério).
Já o inverso é verdadeiro: São poucos os homens, héteros, gays, ativos, passivos, que não sentem o coração flutuar ao ouvir o lendário "Vê-oitão boca de cachorro".
Não que tenha algo errado com quem não gosta ou é indiferente, mas esse texto aqui é justamente pra quem sente o coração bater junto da árvore de comando.
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Eu vejo esse carro e fico com uma ereção difícil de explicar, mas totalmente compreensível |
Minha primeira foi uma Intruder, 125cc.
Como todo dono de Intruder, meu sonho era uma Shadow, que eu não peguei por falta de grana e por falta de habilidade. Confia em mim, Ninguém deve pegar uma moto de 600cc pra começar a andar a menos que o objetivo final seja suicídio. Um suicídio maneiro pra caralho, mas suicidio mesmo assim.
Logo, como todo dono de Intruder, não consegui segurar muito tempo a vontade de modificar ela.
Em menos de um ano, resolvi fazer (com a ajuda do meu pai, um cara que se eu tiver 50% da habilidade em arrumar coisas mecânicas com um pedaço de arame e um rolo de fita adesiva eu posso me chamar de MacGyver) um banco solo, comprar alforges, comando avançado, arrumar o guidão. Até consegui uma águia maneirassa pra colocar no paralama dianteiro.
Aquela moto era meu xodó e a minha paixão, e eu nem me importava que ela tinha tanto ferro no chassi que o motor de 125 cilindradas dela não conseguia passar de 90 km/h.
Aí eu terminei um relacionamento de dois anos de uma forma nem um pouco agradável.
Tristeza, dor interminável, etc. Você já passou por isso.
Aí um dia eu desmontei toda minha moto, sem motivo nenhum.
Pedaço por pedaço, cada uma das modificações que eu demorei meses pra fazer e encaixar sob medida com uma esmerilhadeira e uma solda de eletrodo do meu pai, foi separada, desmontada, repintada, limpada, engraxada e equipada com parafusos novos e porcas de segurança. Discos, pastilhas, lonas de freios, limpas e trocadas. Óleo trocado num cavalete na minha garagem, filtros de ar e de óleo novos, fluído de freio. Até a elétrica que ficava escondida sob um painel de ferro (antes da modificação, ficava sob o banco) eu limpei, fio por fio.
Foi o final de semana mais longo que eu já tive. Eu perdi a conta de quanta pele nos dedos eu perdi, quantos palavrões eu soltei e quantas latas de cerveja eu bebi.
E depois desse final de semana onde eu não conseguia mais nem entender a diferença entre meus dedos, a poeira e a graxa sem precisar de quase um litro de querosene, toda a tristeza e a dor interminável tinham passado.
Carros e motos tem esse poder. Você pode subir em cima de um veículo e aí nada mais faz diferença além de você, a máquina e a estrada.
Ao reparar um carro, você repara a sua alma. Ao ligar um motor que você acabou de arrumar e ouvir o carro roncando, é uma pequena vitória palpável. Ao ver aquele cromado arranhado brilhando como novo é como ouvir os anjos da mecânica cantando louvores. Esse é um dos motivos pelos quais eu acho que nós amamos carros; Satisfação imediata.
Homens e Mulheres e Perigo e as Máquinas
OK, isso é um fato: Homens são os maiores responsáveis por acidentes de trânsito. Qualquer instrutor de autoescola pode te afirmar isso com mais fatos que você precisa pra acreditar.
Nós somos irresponsáveis com carros nas mãos.
Mulheres adoram velocidade também, mas nenhuma mulher que eu conheci vai se gabar pras amigas na academia da ultrapassagem a 180 por hora em uma via de mão única.
Ok, você pode ser o motorista mais responsável na Terra, aquele cara que nunca passa da velocidade limite da via, mas você quer mesmo que eu acredite que você ia segurar esse pézinho no acelerador se tivesse dirigindo uma Ferrari?
Veículos são tipo a forma mais acessível de esporte radical perigoso que a gente tem hoje em dia. É sério, uma moto de 250cc e 400 reais e você pode passar o dia brincando de Valentino Rossi até morrer.
Só não tenta chutar o amiguinho pra fora da pista, Ok?
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Pra se matar nessa pista aqui você precisa de umas 800cc a mais, um pouco mais do que 400 reais e muito menos amor a vida. (Isle of Man TT) |
Homens são agressivos, e carros são como um conjunto de armadura e espada de uma tonelada com escape esportivo e turbo, e estradas são como versões modernas em alta velocidade do Coliseu.
Meu pai é uma pessoa calma pra caralho, mas no carro? Eu já vi ele xingar um cara por andar 2 kmph abaixo do limite de velocidade.
Esse é outro dos motivos pelos quais eu acho que nós amamos carros. É uma forma fácil de liberar todo nosso estresse através de adrenalina e velocidade.
Segura? Nem um pouco.
Divertido? Pra caralho.
Competitividade
Homens, assim como os machos dos pavões ou dos cervos, precisam competir.
Na origem da raça humana, o objetivo disso era garantir que os genes mais saudáveis se mantessem no topo da piscina genética humana.
Hoje em dia, esse resquicio comportamental acaba virando competições de academia, brigas de bar, e rachas no meio da noite.
Carros e motos são uma forma de homens competirem entre si.
Minha Intruder 125 era perfeita pra mim: Pra que diabos andar a mais que 90 kmph se eu só usava ela pra ir pra faculdade?
Bom, eu não sei. Mas eu comprei uma moto maior, com certeza.
A minha moto atual (Uma respeitável naked de 300cc) tem potência até mais que necessária pra QUALQUER tipo de uso urbano e pra viajar que eu possa querer.
Quando eu tiver grana, eu vou comprar uma moto maior. Com certeza.
Motos e carros são uma forma de homens competirem um pouco mais, e cê sabe que a gente adora isso.
Se você não gostasse de competir, você ia zoar seu amigo pelo time dele estar na segunda divisão?
A gente faz até comer pizza virar competição, caraio, por que diabos nossos veículos estariam livres disso?
E isso é divertido demais.
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E essa última foto pra vocês não dizerem que eu não amo vocês. |